Coligações partidárias: visualizando o confuso sistema de distribuição de votos

Visualização síntese das coligações partidárias para deputado federal (via Dalton Martins)

Participo de um grupo de discussão aberto na rede, o Transparência Hacker que reúne uma moçada fera; ativistas, militantes e hackers que colocam inteligência e capacidade de ação em rede no desenvolvimento de aplicativos para cruzamento de  informações governamentais e organização de dados públicos disponíveis na internet. Isso facilita a compreensão e a interação das pessoas comuns sobre temas diversos que afetam a vida em comunidade e a relação entre governo e cidadão.

Lá, descobrimos um trabalho interessantíssimo feito pelo André Lima  e alguns colaboradores a respeito das coligações partidárias para as eleições de 2010, como ele mesmo descreveu em seu blog “lista exaustiva para deputados em 2010”. Excelente trabalho, pois no site doTSE, apesar de muita informação disponível não está explícito quantas coligações um partido faz e tampouco como essas coligações estão distribuídas pelos estados. Com esse banco disponível nas mãos e para facilitar o entendimento dessa história toda, montamos (Dalton,Júlio e eu) mapas para visualização da distribuição das coligações entre os partidos por estado e uma imagem síntese Brasil.

A imagem acima é a síntese Brasil das conexões entre os partidos para deputado federal. O que percebemos é um grande emaranhado de pontos e linhas, que mais parece um novelo de lã impossível de ser desfeito. Nesse sentido, imaginem nossos deputados tendo que dar conta do emaranhado que se meteram após serem eleitos! Perceba como isso compromete a sua representatividade. Chama a atenção também os partidos que não estão no meio desse bolo de legendas.
Outro gráfico interessante é o de frequência de conexões  dos partidos nas coligações para deputados federais nestas eleições.
A lógica é a mesma, quanto mais coligações tem um partido mais chance dele estar presente na distribuição das vagas, por outro lado, mais negociação ele precisará articular para conseguir fazer alguma coisa.

O sistema brasileiro eleitoral para deputados e vereadores, a chamada ”eleições proporcionais”, é muito complexo e difícil de ser visualizado em sua totalidade. São muitas siglas partidárias que se recombinam entre os diferentes estados da União. Ao votar num deputado federal, por exemplo, você não está votando apenas na pessoa, mas também na legenda da qual ele pertence (partido) e na coligação que esse partido estabeleceu no estado. Partidos coligados compartilham vagas entre si. E, pasmem, as coligações para deputado federal e estadual podem ser diferentes num mesmo estado!

Para calcularmos como é a distribuição de votos entre os partidos precisamos saber qual é oQE (quociente eleitoral) e o QP (quociente partidário)
QE = número de votos válidos/número de cadeiras disponíveis por estado
No caso do estado de São Paulo são 70 cadeiras. Na primeira fase, a distribuição das vagas é feita através do quociente partidário (QP), que é a divisão do número de votos válidos de um partido ou coligação pelo quociente eleitoral (QE)

Por exemplo: um milhão de (potenciais) votos do Tiririca, candidato a deputado federal por São Paulo não irá beneficiar apenas o seu partido, o PR, mas toda a aliança “União para Mudar”, composta por PT, PRB,  PR, PCdoB e PTdoB.  Quando os partidos se coligam, não são mais só tratados como partidos e sim contados na coligação. Em outras palavras, os partidos coligados passam a ser tratados como uma grande legenda e os votos vão para os candidatos com mais expressão dentro da coalizão, independentemente do partido. No final é mais uma estratégia de voto nesse sistema e menos uma  real diversidade representativa das múltiplas vozes sociais.
Por isso, antes de votar precisamos ter clareza de quem está junto com quem…

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